sábado, 20 de outubro de 2012

Jesus catequista


Catequese – Jesus catequista
Três aspectos das catequeses de Jesus

Reunião com membros em
formação da Pastoral Catequética da Paróquia Nossa Senhora da Assunção – P.Sul (05/06/2010)

Uma voz exclama: “Abri no deserto um caminho para o
Senhor, traçai reta na estepe uma pista para nosso Deus.
Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina
 sejam abaixadas: que os cimos sejam aplainados,
que as escarpas sejam niveladas!”
Então a Glória de Deus manifestar-se á: todas as
 criaturas juntas apreciarão o esplendo
 porque a boca do Senhor o prometeu.
(Isaías 40, 3-5)

Iniciamos este caminho em nossas vidas – ser Igreja e assumir nossa vocação à santidade – Ouvimos de todos que precisamos evangelizar e anunciar à todos a salvação que vem de Deus.

Ouvimos da boca do profeta que anuncia a chegada do Messias, que aquele que virá vai trazer a todos a verdadeira consolação e que depois dele tudo mudaria: seremos salvos!
Refletiremos acerca do que é ser profeta, o que é ensinar a palavra de Deus entre os povos e proclamar o Evangelho a toda criatura.

- Quem é Jesus?
- O que é ser santo?
- O que é ser Catequista?

Vamos refletir também sobre o que devemos ser para nossos catequisandos, o que vamos – a partir de agora – refletir com eles, passar o exemplo, ou melhor, o testemunho. O que nos angustia ao sabermos da responsabilidade que Deus nos confia ao pedir que ensinemos sobre Ele?

- Preciso transmitir a Doutrina da Igreja!
- Eles precisam entender o verdadeiro sentido de ser católico!
- Será que vão entender o que estou dizendo?
- E depois? Para onde eles vão?

Estas perguntas nos rodeiam o tempo todo. E não podem nos deixar nunca, pois é a partir da sensação de necessidade de mudança é que mudamos. Alguém disse: “Em time que tá ganhando não se mexe”. Aqui se mexe sim, e para melhor... Para o Alto!

Penso que ser catequista, especialmente de pastoral catequética (pois a Igreja está em constante processo catequético, tanto de si quanto dos seus membros) deve ser um trabalho levado a sério e até as últimas consequências.


Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava
contra ele: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo
 e salva-nos a nós!” Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer
 temes a Deus, tu que sofres no mesmo
 suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que
 mereceram os nossos crimes, mas este
 não fez mal algum.” E acrescentou: Jesus, lembra-te
 de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”
 Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te
 digo, hoje estarás comigo no paraíso.”
(Lucas 23, 39-43)

O que isto significa? Mesmo que em nossos grupos de catequese apareçam pessoas como o ladrão que duvidou de Jesus (e haverá!), sabemos também que do outro lado existe o que acredita e deposita toda a confiança naquele ensinamento dado pelo catequista e o levará para seu cotidiano como consolação. A catequese precisa ser formativa e educativa, mas principalmente espiritual.

Vocês falarão o tempo inteiro de Jesus, seja qual for o tema que irão tratar Ele é o centro de tudo: a razão de estarem diante de tantas almas à espera de respostas. Para falarem de Jesus terão que falar como Ele.

Pensemos em Jesus naquele tempo em que ele vivia e quais suas características eram mais notadas por todos. O jeito como falava e como atraía os seus para perto dele. Podemos chamar aqui de “a didática de Jesus”.

Jesus falava em parábolas: “Então lhes propôs
 a seguinte parábola: Quem de vós que,
tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não
deixa as noventa e nove no deserto e vai em
 busca da que se perdeu, até encontrá-la? E depois
de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de
 júbilo, e, voltando para casa, reúne os amigos e
 vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, ache
 a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que
assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador
 que fizer penitência do que por
 noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.”
(Lucas 15, 3-7)

Jesus usava de parábolas porque o seu povo era pouco instruído, não tinha acesso ao conhecimento contido nas Escrituras. Assim era mais fácil daqueles entenderem a mensagem evangélica. Quem são nossos catequizandos? São pessoas que não conhecem tanto sobre as doutrinas da Igreja e tampouco já entendem de imediato o que conhecem. Nossa mensagem (na verdade a de Jesus) precisa chegar na “língua” deles. De que adianta o nosso vocabulário correto e rebuscado como o dos fariseus se não conseguimos penetrar no coração de quem nos ouve? De que valerá ao catequizando aprender palavras bonitas como escatologia, mariologia, purgatório, indulgências e tantas outras se não colocará o verdadeiro sentido delas no seu crescimento espiritual? Muitas vezes no Evangelho, Jesus se rebaixou (pois era Deus!) para que seus irmãos pudessem sentir-se em casa e acolhidos por Ele. Interessante entender que das principais características de Jesus era fazer-se igual aos seus. Precisamos entrar na realidade dos nossos irmãos para termos acesso à sua vida e sermos ouvidos. E que grande desafio!

Jesus era catequista também porque falava sempre às multidões e ali encontrava motivo para falar de Deus – Jesus sempre falava de Deus – Sejamos exemplos para a nossa “multidão” também fora da Igreja, nosso dia-a-dia, ensinemos a eles que se deve ser cristão e buscar a santidade a todo o momento. Que precisamos “vigiar e orar, pois não sabeis o dia nem a hora...”.

O catequista precisa ter vida de oração. Assim como Jesus orava e se retirava para a oração temos nós também que vivenciar a oração como parte do nosso cotidiano e testemunhar tudo isso o tempo todo, para que fique neles o exemplo de que pela oração podemos tudo e que a oração é uma súplica de misericórdia a coração de Deus. Que eles sejam devotos de Nossa Senhora!

Precisamos mostrar aos catequizandos, que a devoção a maior de todas as orações é nosso melhor veículo no caminho para a salvação. Que através da celebração da Eucaristia (que é mais importante e precede qualquer atividade da Igreja, pois por si mesma já nos evangeliza) encontramos todo o sentido de sermos cristão e de viver. Façamos a todo tempo o convite para que nossos filhos espirituais sejam devotos da Santa Missa como primeiro motivo de encontro com o Catequista dos catequistas. E nosso testemunho deve condizer com esta verdade tão bela quanto real: Podemos nos encontrar com Jesus Cristo e aprender Dele a qualquer momento diante da Eucaristia!

E que no momento final de nossa jornada na catequese (a 1ª Comunhão, a Crisma, a celebração da perseverança...). Tenhamos a certeza em nosso coração de que o nosso trabalho foi bem feito para a glória de Deus e que educamos nossos filhos para a vida eterna.

Deus, o livre arbítrio e o castigo


Reflexão de 2011 que merece uma boa lida!

Deus, o livre arbítrio e o castigo

Deus castiga? Esta pergunta acabou por ser motivo de uma boa discussão que participei há algum tempo. Em meio a reflexões sobre ‘qualidades’ ou ‘virtudes’ de um católico/cristão) onde acabamos nos conhecendo um pouco mais através de nossas opiniões e ideias. Mas porque essa questão veio à tona em meio as virtudes e qualidades de um cristão? Confesso que não me lembro ao certo mas que há um tempo venho pensando sobre isso (dentre tantas que um dia terei coragem de expor).



Quem é Deus? O criador do Universo, Aquele que nos criou, onipotente, perfeito, santo, onisciente, onipresente... amor! E partindo desse ponto (de que Deus é tudo em todos, Cf. I Coríntios 15, 28) quero buscar uma reflexão para esta pergunta: Deus castiga?
Deus é tudo e nos deu o livre arbítrio, e o que isso significa? Conheço os que dizem que livre arbítrio é fazer o que se queira fazer. Há os que entendem que não somos livres, pois se Deus sabe de tudo, “sabe o nosso futuro e portanto não fazemos o que queremos e não temos escolhas” (determinismo). A ciência que diz que tudo é o acaso e que somos influenciados pelo meio e não temos escolhas: eu chamo de Providência Divina. Sabemos que não é bem por aí... São Paulo lembra que a mim tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (I Coríntios 6, 12).

Recorro a Santo Agostinho, a quem venho aprendendo que “não se deve impor a verdade sem caridade, mas nunca sacrificar a verdade em nome da caridade” e que tem belas contribuições à nossa Igreja sobre diversos assuntos e dentre elas uma obra com mais de 150 páginas intitulada O Livre Arbítrio e que buscando algumas referências acabei encontrando belas reflexões sobre a nossa capacidade – dada por Deus – de escolher.
No Livro 1 (O pecado provém do livre-arbítrio), questionado se Deus é o autor do mal, Agostinho primeiro se preocupa com a definição da palavra “mal”, a do mal que se pratica e a do mal que sofremos. Explica-nos que Deus não pode praticar o mal (pois é bom) e, justo que é, distribui recompensas aos bons e castigos aos maus.

“Pois bem, se sabes ou acreditas que Deus é bom — e não nos é permitido pensar de outro modo —, Deus não pode praticar o mal. Por outro lado, se proclamamos ser ele justo — e negá-lo seria blasfêmia —, Deus deve distribuir recompensas aos bons, assim como castigos aos maus. E por certo, tais castigos parecem males àqueles que os padecem. É porque, visto ninguém ser punido injustamente — como devemos acreditar, já que, de acordo com a nossa fé, é a divina Providência que dirige o universo —, Deus de modo algum será o autor daquele primeiro gênero de males a que nos referimos, só do segundo.” (O Livre-Arbítrio, Santo Agostinho)

Então estamos resolvidos, Deus castiga mesmo. É isso? Penso que não.

Ao que parece, Agostinho quer nos ensinar que aos nossos olhos, quando somos castigados, estamos sob uma ótica de vítima, de injustiçado e que não merece colher o fruto de sua ação, mas que na verdade Deus apenas está agindo com justiça para com nossos atos. Ora, se acreditamos que Deus é perfeito podemos imaginar o quão ele é capaz de nos julgar e certamente estaríamos errados em discordar e buscar as justificativas ao invés de justificação. Pensem nas crianças que estão sempre certas e nunca merecem ser castigadas, num profissional experiente que não aceita correções dos mais novos, de nós cristãos quando sequer somos capazes de reconhecer que erramos com o irmão e não aceitamos ser admoestados e optamos pelo mal. Lembremo-nos de quanta soberba e cegueira.
Devemos sempre nos colocar diante do Deus misericordioso, porém sem esquecer a sua justiça e perfeição em nos julgar.

Lucas Cavalcante - Julho/2011