quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Você é um cristão mimado?







Antes de continuar escrevendo desejo explicar uma coisa: todos os textos postados aqui partem de uma reflexão, e antes de tudo, de uma auto-reflexão. Minhas experiências de vida são as minhas mais valiosas motivações para escrever e buscar partilhar.



Você pode estar pensando: “como seria um cristão mimado?”. Geralmente, entendemos o adjetivo mimado como algo ruim. É uma criança que chora ao não ver seus caprichos atendidos, um adolescente que está sempre “na barra da saia dos pais” ou um adulto que quer ver sempre as suas vontades realizadas. Não gostamos de pessoas mimadas.



Pessoas mimadas agem como se fossem o centro de tudo. Suas vontades e planos, não sabem ouvir “não” e são intolerantes aos seus fracassos. Não sabe lidar nem dividir espaço com o outro.



E de quem é a culpa? Muitas vezes os pais, no desejo de cercar de seguranças a sua cria não enxergam que seus filhos são criados para viverem sozinhos. Portanto, experiências desagradáveis acontecerão (e são necessárias) para o crescimento e o polimento de uma personalidade, jeito de ser, subjetividade, caráter. É um marido que, com medo de perder, não consegue se impor ao ver toda a sua singularidade invadida. Enfim, a toda hora criamos pequenos monstrinhos sob a desculpa do cuidado.



Falemos agora dessas pessoas dentro na religião: quando a perspectiva cristã nos revela e motiva a viver para o outro, ser mimado pode ser um problema. Como a minha visão para a necessidade do meu próximo, do pobre, do necessitado será uma visão sem interesses? Como serei capaz de servir sendo que só aprendi que devo fazer a coisas esperando algo em troca? Difícil conciliar os mimos com a prática cristã: amarei ao próximo como a mim mesmo? O Amor encontrará espaço no meu coração egoísta?



Não raro encontrarmos à nossa volta pessoas mimadas (eu pessoalmente já passei por isso, e nem sempre eu era a vítima) que condicionam a sua vida na Igreja baseados em seus interesses pessoais e terceirizados: “só vou rezar depois dos estudos”, “preciso de Deus, mas também preciso de um bom emprego”, “Hoje eu tenho prova, não poderei ir...”, “Hoje não deu, tive uma festa e não consegui acordar” ou os que só participam daquilo ao entender que irá se beneficiar ou ser o centro das atenções como se a Igreja ou as pastorais fossem ambientes de autopromoção. É um cristão que olha para a cruz, mas já não vê que ali não houve “porém” ou “talvez”. Que não foi morno mas sim capaz de se entregar totalmente sem olhar para trás ou para um futuro de consequências e prejuízos: Jesus ainda é ignorado.





Que bom que sempre é tempo de voltar! A dinâmica cristã é cheia de possibilidades e torna possível a volta e o recomeço assim como o filho pródigo: “vi que era ruim e estou voltando...”. Tentemos ser católicos, cristãos e voltados para o outro, sem egoísmos. É necessário, para nós e para os outros, que tenhamos consciência do nosso verdadeiro papel neste mundo mesmo que seja necessário que voltemos ao amor primeiro e católico para “se converter novamente”. 

Vale a pena e eu quero...

Lucas Cavalcante
24/10/2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Temos o poder!



Vivemos em um tempo em que as coisas mudam com tanta rapidez que nem sempre conseguimos acompanhar: Seja a tecnologia ou os meios de nos relacionarmos, tudo é muito volátil.

Talvez aí se encontre um certo perigo: eu utilizo as “coisas” ou são elas que me utilizam? Sou dono do meu celular ou ele é que me comanda? Me relaciono apenas para obter o que preciso ou realmente me preocupo com as pessoas?



Ora, muita coisa muda porém entendemos que Deus não muda! Ele é o princípio e o fim, Aquele que É, Jesus Cristo não se prende ao tempo nem é capaz de mudar como nós para se adequar às necessidades.

Mas onde entra as relações de poder? É naturalmente aceitável que eu seja o dono do meu aparelho eletrônico, das minhas contas, dos meus afazeres e obrigações. Mas não é comum que as minhas relações me faça dono das pessoas e que elas estejam somente para me satisfazer: isso não é ser cristão!

Quando eu, que participo ativamente das atividades de minha Comunidade Paroquial (no canto, na catequese, servindo ao Altar ou aos pobres etc) e ainda recebo de Deus a missão de conduzir um grupo de pessoas, devo ser totalmente responsável por aquele ou aqueles a quem Deus me confiou. É aí que vejo o perigo: poder! Poder de que? Poder sobre o que ou quem? Não é Deus quem faz tudo? Não é Ele o todo-poderoso a quem eu devo levar os meus? Penso que às vezes não é bem assim...
 
Jesus Cristo nunca abusou do seu poder em detrimento do bem-estar de outros. Pelo contrário! O que vemos nos Evangelhos é o poder do serviço, da capacidade de ouvir, da opção pelos mais fracos e pelos injustiçados. Ser um líder na Igreja nos impele a buscar ser como Jesus é: mais um com os seus irmãos-amigos e não servos. Já passou da hora de me gabar de ser o “chefe” (?) deles ou de ter a última palavra para tudo: estamos indo para o mesmo lugar e nos encontraremos Lá!




Peçamos a Deus o poder de enxergar o desejo de Deus para os nossos e a partir disso ser capaz de renunciar a qualquer tipo de vaidade ou desunião.

Fiquem com Deus!

Lucas Cavalcante
22/10/2013