Antes
de continuar escrevendo desejo explicar uma coisa: todos os textos postados
aqui partem de uma reflexão, e antes de tudo, de uma auto-reflexão. Minhas
experiências de vida são as minhas mais valiosas motivações para escrever e
buscar partilhar.
Você
pode estar pensando: “como seria um cristão mimado?”. Geralmente, entendemos o
adjetivo mimado como algo ruim. É uma criança que chora ao não ver seus
caprichos atendidos, um adolescente que está sempre “na barra da saia dos pais”
ou um adulto que quer ver sempre as suas vontades realizadas. Não gostamos de
pessoas mimadas.
Pessoas
mimadas agem como se fossem o centro de tudo. Suas vontades e planos, não sabem
ouvir “não” e são intolerantes aos seus fracassos. Não sabe lidar nem dividir
espaço com o outro.
E
de quem é a culpa? Muitas vezes os pais, no desejo de cercar de seguranças a
sua cria não enxergam que seus filhos são criados para viverem sozinhos.
Portanto, experiências desagradáveis acontecerão (e são necessárias) para o
crescimento e o polimento de uma personalidade, jeito de ser, subjetividade,
caráter. É um marido que, com medo de perder, não consegue se impor ao ver toda
a sua singularidade invadida. Enfim, a toda hora criamos pequenos monstrinhos
sob a desculpa do cuidado.
Falemos
agora dessas pessoas dentro na religião: quando a perspectiva cristã nos revela
e motiva a viver para o outro, ser mimado pode ser um problema. Como a minha
visão para a necessidade do meu próximo, do pobre, do necessitado será uma
visão sem interesses? Como serei capaz de servir sendo que só aprendi que devo
fazer a coisas esperando algo em troca? Difícil conciliar os mimos com a
prática cristã: amarei ao próximo como a mim mesmo? O Amor encontrará espaço no
meu coração egoísta?
Não
raro encontrarmos à nossa volta pessoas mimadas (eu pessoalmente já passei por
isso, e nem sempre eu era a vítima) que condicionam a sua vida na Igreja baseados
em seus interesses pessoais e terceirizados: “só vou rezar depois dos estudos”,
“preciso de Deus, mas também preciso de um bom emprego”, “Hoje eu tenho prova,
não poderei ir...”, “Hoje não deu, tive uma festa e não consegui acordar” ou os
que só participam daquilo ao entender que irá se beneficiar ou ser o centro das atenções
como se a Igreja ou as pastorais fossem ambientes de autopromoção. É um cristão
que olha para a cruz, mas já não vê que ali não houve “porém” ou “talvez”. Que
não foi morno mas sim capaz de se entregar totalmente sem olhar para trás ou
para um futuro de consequências e prejuízos: Jesus ainda é ignorado.
Que
bom que sempre é tempo de voltar! A dinâmica cristã é cheia de possibilidades e
torna possível a volta e o recomeço assim como o filho pródigo: “vi que era
ruim e estou voltando...”. Tentemos ser católicos, cristãos e voltados para o
outro, sem egoísmos. É necessário, para nós e para os outros, que tenhamos
consciência do nosso verdadeiro papel neste mundo mesmo que seja necessário que
voltemos ao amor primeiro e católico para “se converter novamente”.
Vale a pena
e eu quero...
Lucas Cavalcante
24/10/2013
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